Os nós da arte nas "Tardes de Dionísio"

Realizou-se, ontem, na Casa Hoffmann, da Fundação Cultural de Curitiba, o primeiro evento da série Saraus "Tardes de Dionísio", com a leitura dramática do texto "Nós", de Douglas Daronco, pelos atores Thadeu Peronne, Mazé Portugal, Juliana Leitoles e João Graf, a apresentação do grupo Pangea União Musical e das bailarinas Inês Drumond e Hadiji Nagao. Completando o programa, foi aberta a exposição de gravuras da artista plástica e bailarina Julianne Engelhardt. Um programa unido por vários nós artísticos que teceram um espetáculo surpreendente e intimista.

Mesmo com a tarde chuvosa e fria um público composto por 52 pessoas compareceu ao evento, quase completando os 60 lugares oferecidos na sala localizada no pavimento térreo da Casa Hoffmann. O primeiro sarau da série que já tem programados três programas diferentes para os dias 16 e 30 de agosto e 13 de setembro, foi bem recebido e aplaudido pelo público que pode assistir a um espetáculo que envolveu música, teatro e dança.

O programa teve início com o grupo Pangea União Musical, composto pelas cantoras e instrumentistas Natalia Bermúdez, Karla Izidro, Tatiana Luiz, Gabriela Bruel e Isaac Dias, que apresentaram as composições Baião de Segunda (Gabriela Bruel), Arvorecer (Karla Izidro e Isaac Dias), Ser tão Sertões (Karla Izidro), Não sei do Verde (Isaac Dias) e no Balanço do Tempo (Natalia Bermúdez). A composição Ser tão Sertões foi novamente apresentada, na parte final do programa, quando as bailarinas Inês Drumond e Hadiji Nagao dançaram um dueto que foi coreografado por Drumond, inspirado no tema da mãe que sonha com a filha ausente.

O texto "Nós", de Douglas Daronco, é composto por três momentos. O primeiro, o sonho de Amélia - singelo e ingênuo - da família perfeita e harmoniosa. No segundo, a possível realidade de uma família burguesa e os atritos entre uma filha rebelde, a mãe superprotetora e carente e um pai violento, quase sempre ausente das questões familiares. O terceiro momento é a realidade, nua e crua, que revela uma Amélia doente e que cultua a lembrança da sua filha, nascida morta. "Nós" mostra os vários nós difíceis de serem desatados nas vidas dos quatro personagens que se relacionam em planos bem distintos de tempo e de espaço. A direção do primeiro sarau foi de Thadeu Peronne e teve a assistência de Mazé Portugal. A produção e organização é de Rogério Viana e de Douglas Daronco.

Na abertura do evento, a coordenadora de dança da Casa Hoffmann, a bailarina Eleonora Greca, agradeceu a presença de todos os participantes e organizadores, do público e colaboradores, que estavam ali reunidos, num final de tarde, como os antigos gregos, revelando a beleza das várias formas de arte, apresentando os personagens de uma peça de teatro, os cantores e músicos, e a coreografia e a dança pelas bailarinas, e saudando, com seus talentos e trabalho voluntário, a presença mitológica do deus Dionísio.

Segunda leitura

No próximo dia 16 de agosto, segunda-feira, às 18 horas, será feita a apresentação do segundo evento, com a leitura do texto "Eu Avec Você", de Rogério Viana, com a atriz Eliane Karas e o ator Luiz Carlos Pazello. O programa terá a apresentação dos músicos Gustavo Bonin (clarineta), Isaac Dias (violão) e Natalia Bermúdez (voz e flauta), com composições próprias. Bonin e Dias compuseram um tema especial para a coreografia de uma dança de salão que está sendo trabalhada por Ronald Pinheiro e três bailarinos convidados por ele. O tema composto por Bonin e Dias é divido em quatro movimentos - o tempo, a valsa, a milonga e o som de Paris.

Eleonora Greca abre os Saraus "Tardes de Dionísio"

A leitura do texto "Nós", de Douglas Daronco

O segundo momento da leitura do texto "Nós"

As bailarinas Inês Drumond e Hadiji Nagao

O agradecimento final aos aplausos